quarta-feira, 30 de julho de 2008

Vontade de poder... cultura história social..........

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O mundo contemporâneo em mais uma breve análise; o conceito universal (verdades concretas) nasce de uma opinião individual (e isto desde a pré-história) entra em consenso através do tempo (condições sócio-culturais) e torna-se verdades universais (cristalizadas). O ''pré-conceito'' nasce possivelmente destes conceitos; segundo Rusel, devemos transcender opiniões e verdades universais para identificar aquilo que Kant chama de ''coisa em si'' ou verdade íntima das coisas, transcender, transmutar opiniões e conceitos através do tempo. Outra coisa que noto é o estruturalismo racional platônico que se infiltrou de tal maneira na convivência durante o tempo até os dias atuais, de tal maneira que impõe conceitos íntimos na pedagogia, na política, na moral e na Religião. Quando falo racional (critério de verdade), falo deste racionalismo lúcido que esconde reais motivos, motivos esses opressores de uma classe dominante sobre uma oprimida que tem o dever de seguir a moral que se expõe através da cultura massificadora e cruel, a razão não é mais um critério de verdade, mas sim de dominação. A idéia que exponho fica clara no exemplo do ideal ascéptico que a moral cristã-platônica impõe. Isso mesmo, viveremos uma ''vida'' para o além, renegamos o princípio vital de amor a esta vida e nos santificamos para o além. O além (paraíso) é o unico critério de segurança de uma vida póstuma onde não existe morte nem tristeza, será que não vimos a alienação que impõe este pensamento dominador? Ver partes é nao um todo, é criterio para alienação e dominação, deixamos nossas vidas a serviço de um Deus (o Estado) que nega nossa vontade à vida (a esta). Caros amigos, esta é minha afirmação à vida, o poder e a confiança em mim mesmo. Como meu próprio Deus, cabe a mim transformar, inovar, imaginar meu próprio ser. Falo também que o principal objetivo da classe dominante é quebrar indivíduos e manter unidade e controle na classe oprimida............quebrar sistema conservador racional e desumano, quebrar preconceitos e ver totalidade do ser, crer que podemos ser felizes, que podemos ser humanos, ser espíritos livres e felizes........................agradeço a Zaratustra...........

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Jaelison Neris


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segunda-feira, 21 de julho de 2008

Solilóquio Lokked

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Solilóquio Lokked - lograr recompor seio de face ou mirar by
olho traumado new look "scarface" no espelho (não magritteano)

Essas convulsões
Perdas de sentidos, tropeços, até quando mais?
Travadas no andar, vertigens, essa perna neuropata vacilante,
empacada as vezes, teimosa a meses
Meu terceiro tombo antes dos 53, três passos falsos
Trauma triplificado
Que mureta dura, mais que minha cara de pau, faltou lustra-
móveis? rs
Seios de face trincados, fragmentos calcários, músculos e nervos
quicados
Lapso temporal, corpo ainda quente
Sem vaga lembrança pregressa dos poucos minutos passados
Susto, vozes, gritos
Meu parceirinho agitado
Determinado a organizar as ações de forma a cuidar do vô
Parecia designado a trocar comigo a tutoria
Era eu o neto a ser protegido
Usou de autonomia até com sua mãe "A moça da ambulância sabe
o que faz mãe, não discute"
Quem sou eu para me opor, aceito o colar cervical, deito e me
resigno
Só me lembro de abrir o portão com os quadros e as quentinhas
na mão, depois ao subir, meu vaso quebrado - com a cabeça ou o
pé?
Tudo dói - cadê os quadros? Também cotovelo, clavícula e joelho
direitos
Agora no leito, edema esquerdo pelo rim ainda deixado no rosto
Lado direito com glóbulo branco, pálpebras hematomizadas com
bolsas oculares roxas de "bandit" e micro astro vermelho ao lado
da Iris castanha manchando o alvo do olho
A Iris serve para mirar o ponto de fogo que me fuzila com a
duvida: o derrame se diluirá?
Quatro espetadas, a moça não acha minha veia
Ofereço a jugular, ela ri, eu também, não devo culpá-la
Chamaram-me de Isidoro, soro com potássio, que loucura, não
era para mim
Erraram o número do leito, fiquei em jejum de bobeira, minha
cirurgia não é hoje, putz, tiraram a pedra da uretra do cara, quase
sobra pra mim
E aquele outro médico com quem conversei um monte, todo
solícito, me falou de entubar, morro de medo, já quase dancei
numa dessas
E o meu cirurgião não o conhece, mais um engano, me safei de
novo rsrs
Espero continuar com humor
Domingo não virá cardio me ver, vou assistir a corrida, torço para
o Hamilton, sujeito atirado
Essa dor no ombro, será da gota gotosa ou melhor xerocar? rsrs
Já estou conseguindo dormir com essas doses cavalares para dor,
mas o intestino travou desde a manhã de anteontem - se essa
noite não fluir, amanhã peço laxante - ai que medo, e se não
destrancar? E se disparar? Aqui meu intestino travado e lá em
casa minha DogDoberwomann Monique Black se desmanchando
de desinteria, isso sempre rola quando nos afastamos súbito rs
A minha mente não para, ainda bem, transita numa velocidade e
sentidos equidistante e geometricamente opostas
As capacidades físicas das mentais, intelecto a milhão visando
todas as estratégias para sossegar o espírito, o coração, respirar
fundo e desacelerar o pulso, que o corpo não vai a lugar nenhum
nesse curto e médio prazo
Providencial caderninho de apontamentos, obrigado comadre...
Curtir o momento com humor, tratar bem as pessoas, agradecer
cada gesto coletivo ou isolado de todos que me cercam com esse
acalorado privilégio de estar nesse plano, amar e ser querido por
todos que me alimentam com esse néctar benfazejo
Vica de além mar, tanks por apresentar Claudio Ulpiano que falou
de Espinoza, deliciosamente radical, que enfatiza a nossa eterna
necessidade
Decompor, recompor decompor ad infinitum
Transformar sempre
Relativizando ou usando peso específico quando necessário
Transcender e criar modos novos a partir do entendimento e
reflexão serena aberta
Tentar crescer sem perder de vista o menino
Sobretudo convergir for this

Flashs 03 a 11/07/2008 - Diadema, SP

Wilson

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terça-feira, 8 de julho de 2008

Nem tudo o que reluz é verde

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Artigo - Boaventura de Souza Santos
Folha de S. Paulo
12/11/2007

Políticos mais esclarecidos ou mais oportunistas vêem na questão ambiental um novo campo de atuação e de legitimação

A QUESTÃO ambiental entrou finalmente na agenda política, o que não deixa de causar alguma surpresa aos ativistas dos movimentos ecológicos, sobretudo àqueles que militam há mais tempo e se habituaram a ser apodados de utópicos e inimigos do desenvolvimento.
Ao longo das últimas décadas, os movimentos ecológicos foram ganhando credibilidade à medida que a ciência foi demonstrando que os argumentos por eles invocados se traduziam em fatos indesmentíveis -a perda da biodiversidade, as chuvas ácidas, o aquecimento global, as mudanças
climáticas, a escassez de água etc.- que, a prazo, poriam em causa a sustentabilidade da vida na terra.
Com isso, ampliaram-se os estratos sociais sensíveis à questão ambiental e a classe política mais esclarecida ou mais oportunista (por vezes disfarçada de sociedade civil, como é o caso de Al Gore) não perdeu a oportunidade de encontrar nessa questão um novo campo de atuação e de legitimação.
Assim se explica o importante relatório sobre a "conta climática" de um economista nada radical, Nicholas Stern, encomendado por um político em declínio, Tony Blair.
Nesse processo foram "esquecidos" muitos dos argumentos dos ambientalistas, nomeadamente aqueles que punham em causa o modelo de desenvolvimento capitalista dominante.
Esse "esquecimento" foi fundamental para a segunda razão do atual boom ambiental: a emergência do ecologismo empresarial, das indústrias da ecologia (não necessariamente ecológicas) e, acima de tudo, dos agrocombustíveis, cujos promotores preferem designar, "et pour cause", como biocombustíveis.
As reservas que os movimentos sociais (ambientalistas e outros) levantam contra esse último fenômeno merecem reflexão, tanto mais que, tal como aconteceu antes, é bem provável que só daqui a muitos anos (tarde demais?) sejam aceitas pela classe política.
A primeira pode formular-se como uma pergunta: é de esperar que as indústrias da ecologia resolvam o problema ambiental quando é certo que a sustentabilidade econômica delas depende da permanente ameaça à sustentabilidade da vida na terra?
A eficiência ambiental dos agrocombustíveis é uma questão em aberto. Sua produção usa fertilizantes, polui os cursos de água e é já hoje uma das causas do desflorestamento, da subida do preço da terra e da emergência de uma nova economia de plantação, neocolonial e global.
A segunda reserva diz respeito ao impacto da expansão dos agrocombustíveis na produção de alimentos. Em setembro, o bushel de trigo atingiu preço recorde na Bolsa de Mercadorias de Chicago. Más colheitas (derivadas das mudanças climáticas), o aumento da procura pela China e a Índia e a produção de agrocombustíveis foram as razões do aumento, e a expectativa é que a
subida continue.
O aumento do preço dos alimentos vai afetar desproporcionalmente populações empobrecidas dos países do Sul, pois gastam mais de 80% dos seus parcos rendimentos na alimentação.
Ao decidirem atribuir US$ 7,3 bilhões anuais em subsídios para a produção de agrocombustíveis, os EUA contribuíram para um aumento (que chegou a 400%) do preço do alimento básico dos mexicanos, a tortilla.
Reside aqui a terceira reserva: os agrocombustíveis podem vir a contribuir para a desigualdade entre países ricos e países pobres. Enquanto na União Européia a opção pelos agrocombustíveis corresponde a preocupações ambientais, nos EUA a preocupação é com a diminuição da dependência do petróleo.
Em qualquer dos casos, estamos perante mais uma forma de protecionismo sob a forma de subsídios à agroindústria e, como a produção doméstica não é de nenhum modo suficiente, é, de novo, nos países do Sul que se vão buscar as fontes de energia. Se nada for feito, repetir-se-á a maldição do petróleo: a pobreza das populações em países ricos em recursos energéticos.
O que há a fazer? Critérios exigentes de sustentabilidade global; democratização do acesso à terra e regularização da propriedade camponesa; subordinação do agrocombustível à segurança alimentar; novas lógicas de consumo (se a eficiência do transporte ferroviário é 11 vezes superior à dos transportes rodoviários, por que não investir apenas no primeiro?); alternativas ao mito do desenvolvimento e numa nova solidariedade do Norte para com o Sul.
Nesse domínio, o governo equatoriano acaba de fazer a proposta mais inovadora: renunciar à exploração do petróleo numa vasta reserva ecológica se a comunidade internacional indenizar o país em 50% da perda de rendimentos derivados da renúncia.

BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS, 66, sociólogo português, é professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (Portugal). É autor, entre outros livros, de "Para uma Revolução Democrática da Justiça" (Cortez, 2007).


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segunda-feira, 7 de julho de 2008

Os domingos precisam de feriados

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Toda sexta-feira à noite começa o shabat para a tradição judaica. Shabat é o conceito que propõe descanso ao final do ciclo semanal de produção, inspirado no descanso divino, no sétimo dia da Criação.

Muito além de uma proposta trabalhista, entendemos a pausa como fundamental para a saúde de tudo o que é vivo. A noite é pausa, o inverno é pausa, mesmo a morte é pausa. Onde não há pausa, a vida lentamente se extingue.

Para um mundo no qual funcionar 24 horas por dia parece não ser suficiente, onde o meio ambiente e a terra imploram por uma folga, onde nós mesmos não suportamos mais a falta de tempo, descansar se torna uma necessidade do planeta.

Hoje, o tempo de 'pausa' é preenchido por diversão e alienação. Lazer não é feito de descanso, mas de ocupações 'para não nos ocuparmos'. A própria palavra entretenimento indica o desejo de não parar. E a incapacidade de parar é uma forma de depressão.

O mundo está deprimido e a indústria do entretenimento cresce nessas condições. Nossas cidades se parecem cada vez mais com a Disneylândia. Longas filas para aproveitar experiências pouco interativas. Fim de dia com gosto de vazio. Um divertido que não é nem bom nem ruim. Dia pronto para ser esquecido, não fossem as fotos e a memória de uma expectativa frustrada que ninguém revela para não dar o gostinho ao próximo..

Entramos no milênio num mundo que é um grande shopping. A Internet e a televisão não dormem. Não há mais insônia solitária; solitário é quem dorme.

As bolsas do Ocidente e do Oriente se revezam fazendo do ganhar e perder, das informações e dos rumores, atividade incessante. A CNN inventou um tempo linear que só pode parar no fim.

Mas as paradas estão por toda a caminhada e por todo o processo. Sem acostamento, a vida parece fluir mais rápida e eficiente, mas ao custo fóbico de uma paisagem que passa. O futuro é tão rápido que se confunde com o presente. As montanhas estão com olheiras, os rios precisam de um bom banho, as cidades de uma cochilada, o mar de umas férias, o domingo de um feriado...

Nossos namorados querem 'ficar', trocando o 'ser' pelo 'estar'. Saímos da escravidão do século XIX para o leasing do século XXI - um dia seremos nossos?

Quem tem tempo não é sério, quem não tem tempo é importante. Nunca fizemos tanto e realizamos tão pouco. Nunca tantos fizeram tanto por tão poucos...

Parar não é interromper. Muitas vezes continuar é que é uma interrupção.

O dia de não trabalhar não é o dia de se distrair - literalmente, ficar desatento.

É um dia de atenção, de ser atencioso consigo e com sua vida. A pergunta que as pessoas se fazem no descanso é 'o que vamos fazer hoje?' - já marcada pela ansiedade.

E sonhamos com uma longevidade de 120 anos, quando não sabemos o que fazer numa tarde de Domingo.

Quem ganha tempo, por definição, perde. Quem mata tempo, fere-se mortalmente. É este o grande 'radical livre' que envelhece nossa alegria - o sonho de fazer do tempo uma mercadoria.

Em tempos de novo milênio, vamos resgatar coisas que são milenares. A pausa é que traz a surpresa e não o que vem depois. A pausa é que dá sentido à caminhada. A prática espiritual deste milênio será viver as pausas. Não haverá maior sábio do que aquele que souber quando algo terminou e quando algo vai começar.

Afinal, por que o Criador descansou? Talvez porque, mais difícil do que iniciar um processo do nada, seja dá-lo como concluído.

Texto do Rabino Nilton Bonder, da Congregação Judaica

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