CENTRO CULTURAL ORÙNMILÁ DE RIBEIRÃO PRETO:
CULTURA E COMUNICAÇÃO NOS NOVOS MECANISMOS DE AÇÃO POLÍTICA*
Silas Nogueira**
1 - O canto negro do Orùnmilá no carnaval.
Fevereiro de 1996. Noite quente. Em parte fechada de uma avenida ribeirãopretanos começam a ocupar as arquibancadas instaladas provisoriamente. É o início dos desfiles oficiais do carnaval de rua do município. Não é nem o melhor carnaval de rua da região, na avaliação de "especialistas", mas são bem concorridas suas arquibancadas. A cobertura jornalística é intensa, todos os órgãos locais dão cobertura e uma televisão local transmite direto, praticamente na íntegra, o desfile de blocos e escolas de samba. O locutor oficial, após a saudação ruidosa e o anúncio da presença do prefeito, anuncia a abertura dos desfiles e enumera a troupe de autoridades empoleirada nos camarotes oficiais e improvisados, secretários municipais, vereadores, um ou outro deputado. O prefeito tenta se mostrar no clima de carnaval, desajeitado e sem graça, abana as mãos em direção a arquibancada. O locutor prossegue. Anuncia a presença da corte carnavalesca, o Rei Momo e a Rainha que, acompanhados pelas princesas, desfilam na passarela ao som dos alto-falantes e dos rojões. Em seguida, anuncia entrada dos blocos carnavalescos que precedem o desfile das escolas de samba. Aos gritos anuncia o primeiro: "… agora.. entra na avenida o bloco… (engasga)… o bloco afroxé… o bloco afoxé…. ômo… omó… Orun…. Orùnmilá… é isso… é o bloco afro de Ribeirão entrando na avenida". Tentava anunciar a entrada na passarela do "Afoxé Omó Orùnmilá", o "braço armado", no campo da comunicação, do Centro Cultural Orùnmilá em seu primeiro desfile na cidade. O "Afoxé Omó Orùnmilá", que em tradução literal significa "Afoxé Filhos de Orùnmilá" não é um "bloco", como tentou traduzir o locutor oficial e repetiu toda a imprensa local. É um Afoxé, um "candomblé de rua". Mas não dá tempo do locutor entender.
Explode uma bateria de fogos. Atabaques, agogôs, ganzás marcam um ritmo próprio, os integrantes movem-se em harmonia, um canto forte toma conta da passarela. Uma negra, de torso e vestimenta longa, adereços e largo sorriso, com uma cabaça na mão esparrama algo sobre o chão da passarela. O Afoxé entra na avenida, ritmado, ondulado, como água, como uma serpente. Gente alegre cantando, tocando, em festa… em ritual. O cortejo segue e a confusão de significados também:
_ "Como é o samba-enredo"? A bateria é esquisita, cadê, surdo, tamborim, pandeiro? Pergunta-se entre jornalistas, apresentadores e comentaristas.
- "Não dá pra entender nada, os caras estão cantando num dialeto (sic) africano", responde um conhecido comentarista de desfiles local que também indaga: _ Essa fantasia num tá muito pobre? E esse pim-pim-pim de agogô, o que é isso…?
Isso é um Afoxé. Em tradução mais fiel, feita no próprio Orùnmilá, tem o sentido de "o verbo que faz", a palavra que anda e faz, atua, com magia e sabedoria. E, Afoxé, por livre extensão feita aqui, é, portanto, comunicação, se entendido "comunicação" como expressão da cultura, a parte andante e atuante da cultura. E o Afoxé Omó Orúnmilá é isso. A comunicação mais expressiva da cultura de raízes Yorubá, vivenciada, cultivada e vivificada no C.C. Orúnmilá.
O "pim-pim-pim" que o comentarista achou estranho é o som do agogô, de ferro, marcando, com os atabaques, não um samba, mas um Ijexá, um ritmo do povo negro que existe há cerca de seis mil anos. E o "dialeto" não é dialeto, é uma língua de uma cultura complexa e que é conhecida - além da região africana onde nasceu, hoje Nigéria e Benin - em todo lugar do mundo onde existe uma Casa de Orixá ou, como é mais conhecido, um "Terreiro de Candomblé". No Brasil, pela sua inserção na história do país em geral e dos afro-descendentes em particular, deveria ser ensinada nas escolas. Se o Afoxé cantasse em inglês a língua não seria chamada de "dialeto" e nem seria estranha. Mas Yorubá é língua de negro… O desfile do Afoxé, que confunde e vislumbra os profissionais e espectadores do carnaval oficial de Ribeirão Preto, é o canto negro do Orùnmilá comunicando: "os negros estão passando; isso aqui é uma ponte luminosa entre a África e o Brasil, nós existimos e buscamos nossa identidade para com ela continuar lutando contra todas as formas de opressão e de exclusão. Orùnmilá Babá Mó".
O Centro Cultural Orúnmilá, embora não se enquadre exatamente na categoria "movimento social", é um impulsionador do movimento negro, ou dos movimentos negros, formando militantes e influenciando a concepção política das manifestações contra o racismo e a desigualdade. Irradia sua influência para praticamente todas as diferentes áreas da periferia urbana e também para a região. Localizado no seio da Periferia Norte, entre grandes conjuntos habitacionais, favelas e o complexo do Ipiranga, conjunto de bairros populares mais antigos do município, o C.C. Orùnmilá congrega, troca experiências e promove discussão política da questão do negro entre os grupos ligados ao Candomblé e à Capoeira, em muitos grupos de Rap, do Movimento Hip Hop, entre as Escolas de Samba, nas escolas de primeiro e segundo graus e nas universidades. No âmbito mais institucional, ocupa importante espaço político no Conselho Municipal da Cultura e no Conselho Municipal de Desenvolvimento da Comunidade Negra.
Com uma postura política centrada no campo étnico-cultural, o C.C. Orùnmilá se recusa a ser tratado como uma ONG, embora, estatutariamente, tenha grande semelhança e sua atuação política e suas formas de sobrevivência sejam bastante peculiares. Sua postura de confronto renovou os parâmetros teóricos, incluindo a questão histórica do racismo e da exclusão cultural em todos os setores de embate político e ideológico aos quais tem acesso. Sua influência pode ser sentida, entre outros lugares e momentos, na Semana da Consciência Negra, chamada também de Semana de Zumbi, no Carnaval, nos batizados dos Grupos de Capoeira e até mesmo na agenda do ensino público oficial. As manifestações públicas oriundas da luta contra o racismo e a discriminação passaram a contar com um número maior de pessoas e a questão da identidade passou a integrar um maior número de grupos e outras organizações negras. Nesse sentido, pode-se afirmar que o único movimento urbano que cresceu e ganhou maior visibilidade no município foi o Movimento Negro. A partir da postura ideológica do C.C. Orùnmilá, a discussão política étnico-cultural ganhou outros parâmetros na cidade. É um "intelectual coletivo" que, gerando seus próprios intelectuais, politiza e atua pelas transformações.
Semelhanças e diferenças nas manifestações do C.C. Orùnmilá não impedem que sejam relacionadas ao processo político em andamento por toda a América Latina, marcado pelas suas diferentes tentativas de superar a hegemonia das elites em sua ampla forma político-cultural. O C.C. Orúnmilá é uma organização nascida no município de Ribeirão Preto, mas seu diálogo é com todo o povo negro e com as diferentes faces do movimento negro nacional e internacional. Este diálogo intenso traz para a cidade idéias e experiências de luta e, ao mesmo tempo, os visitantes e interlocutores levam para outros lugares a rica experiência do Orúnmilá e suas peculiaridades.
2 - Cultura, comunicação, memória e luta política
"A ancestralidade é nossa via de identidade histórica, sem ela não sabemos o que somos e nunca saberemos o que queremos ser".
Se a luta pela hegemonia, ou para a superação da hegemonia na sociedade, está no horizonte dos movimentos sociais, para o Centro Cultural Orùnmilá esse objetivo ganha a dimensão da utopia, sem, no entanto, delegar qualquer desprezo ou demérito para a própria utopia ou para o aumento das dificuldades que isso representa para a atuação e para a sua própria existência. A crítica do Orùnmilá não se restringe à sociedade capitalista, nem ao neoliberalismo, embora entenda perfeitamente as características da opressão e da exploração existente na sociedade de classes e na lógica do consumo e do mercado. O que o Orùnmilá busca superar é a própria Modernidade, entendida, em grande parte, como expressão histórica e cultural da Cultura Ocidental. Nenhum quixotismo folclórico, nenhuma pretensão de se colocar como "pós-moderno". Para expressar o complexo arsenal teórico utilizado em sua atuação, seus membros simplificam suas falas com uma expressão: "Cultura Negra". Também de modo simplificado, resumem, descrevem a ação do Orùnmilá: "a luta contra o racismo, pela emancipação e libertação do povo e da cultura negra no Brasil."
E a rigidez do pensamento construído em bases cartesianas, maniqueístas e que ainda predomina, inclusive por vias religiosas, no pensamento e na cultura ocidentais, impede vôos mais altos e limita o horizonte do conhecimento separando-o do prazer de conhecer e do movimento fantástico existente entre o mistério e o que torna-se conhecido. Com essa herança limitadora, o simbólico que o ocidental utiliza, na grande maioria da vezes, é somente o seu, a sua linguagem, a sua concepção de mundo, a sua cosmovisão.
O conjunto de elementos teóricos - nesse sentido, a ideologia - da ação do Centro Cultural Orùnmilá comporta conceitos que procuram trabalhar e responder a complexas questões como a relação política e cultura; a identidade, aqui não separada de "ancestralidade"; a religiosidade; a luta contra o racismo e contra a desigualdade. Para facilitar a divulgação e o debate, esse conjunto é chamado pelos militantes do Centro "de Cultura Negra", pois é nela que se encontra as suas raízes e seus fundamentos político-filosóficos.
A primeira grande tarefa colocada na ação política do Centro foi explicar, entre os negros e nos lugares onde discute e atua, esse arsenal teórico que não se filia às conhecidas correntes de pensamento predominantes nas organizações e nos espaços de luta mais conhecidos.
Fundado em março de 1994, no "centro nervoso" da periferia urbana de Ribeirão Preto, no bairro do Tanquinho, zona Norte, o Orùnmilá foi a primeira entidade a abraçar o compromisso de discutir - em todas as instâncias da cidade, bairros, escolas, departamentos - o sentido de "cultura" e suas potencialidades políticas. A intenção de travar o debate em torno da "cultura negra", mostrar o confronto existente com a cultura dominante e demarcar o espaço político de atuação.
Como o Centro Cultural é também um espaço onde se desenvolve a atividade religiosa – é uma Casa de Orixá – os seus membros entenderam que a entidade nascia com uma característica fundamental na luta política contra o racismo e a opressão, que é a sua ligação orgânica com a cultura e o povo negro. Nascia, assim, "como um instrumento orgânico da própria cultura e que não deixaria de ser um meio de expressão e produção dessa cultura e da luta do povo negro".
A dificuldade inicial foi o embate em torno do conceito de cultura.O cenário era adverso. No meio dos militantes do movimento negro local era muito comum ouvir que "a questão da luta do negro é econômica, não é cultural". A costumeira separação entre cultura, política e economia. Na cidade em geral, o mais comum era designar e reduzir cultura às expressões artísticas, música, fotografia, dança, cinema, teatro. Também não era difícil encontrar a discriminação e as relações de poder expressas nessa divisão quando as pessoas, inclusive funcionários públicos da chamada "área de cultura", referiam-se à "cultura" apenas quando se tratava de expressões da cultura ocidental, européia, mais especificamente, balé, música erudita, teatro convencional e cinema. Mas, quando se tratava de expressões da cultura do povo negro ou pobre, a definição usada era "folclore". Assim, a capoeira, o samba de roda, o maculelê e até as expressões da filosofia e da religiosidade de origem africana, eram tratadas como "folclore". Nada mais revoltante para os militantes do Orùnmilá que esse tratamento pejorativo. O ataque vinha na hora: "Isso é a expressão do racismo, da dominação, da tentativa de humilhação para continuar dominando. Em síntese, isso é racismo", declaram nos muitos debates, palestras, discussões que travam na cidade e região.
Nesses confrontos, mais aprendizado, mais trocas e mais elementos para desvendar as formas da opressão, da discriminação, da exclusão do povo negro, dos "afro-descendentes", termo que, na constatação cotidiana do Orùnmilá, abrange "a grande maioria dos moradores da periferia de Ribeirão Preto".
A discussão, os conceitos e a elaboração da filosofia de luta e trabalho continuam em torno da cultura, em seu sentido amplo, muito próximo do conceito trabalhado por Gramsci, mas aberto ao diálogo com a concepção oriunda das contribuições da antropologia e, principalmente, para as experiências dentro da própria cultura negra. Esse conceito, portanto, não foi elaborado a partir de leituras. A leitura existe e é incentivada, é uma das preocupações do Orúnmilá mas não é a mais importante. "A leitura dos livros serve para nós para um diálogo crítico, para desvendar as formas de opressão e do racismo presentes na maioria das teorias ocidentais que desconsideram o negro e seu conhecimento milenar"- avalia Paulo C. P. de Oliveira, presidente do Centro Cultural Orùnmilá, em um dos seminários promovidos no próprio Centro:
Nós viemos e somos portadores de uma cultura de seis mil anos de existência e resistência, a cultura do povo Yorubá, que nos permite dizer "que é possível saber que o baobá existe antes de conhecer e de ver o baobá", é uma cultura onde não é vigente o dualismo das concepções ocidentais nem o maniqueísmo judaico-cristão que separa tudo na vida. É isso que nos permite lidar com um conceito de cultura muito mais amplo. Antes de qualquer leitura ou de discussão com os intelectuais nós já não separávamos cultura de política nem de religião, usando aqui o termo religião para facilitar nossa conversa, mas para nós, religião também não tem o sentido usado pelos ocidentais. É duro, portanto, nosso embate, nosso confronto no campo do saber e do conhecimento mas é isso que move o Orùnmilá.
O conhecimento oriundo do universo simbólico da cultura de origem africana e das práticas e vivências do Candomblé sempre foi para o Orúnmilá a origem de suas "armas" e de orientação de suas ações políticas efetivadas na sociedade civil, em todos os espaços possíveis de serem ocupados. Isso faz do Centro Cultural uma entidade, faz da cultura o seu espaço e suas formas de luta, mas que, pelo conjunto de atuações e ações políticas, não pode ser enquadrada em rótulos como "culturalista" ou "idealistas". Uma situação complexa sobre a qual seus militantes têm plena consciência e não se intimidam ao debater em qualquer instância, em qualquer nível teórico de discussão:
Não vou me colocar aqui como um weberiano, não sou nada disso, mas muito do que disse esse Max Weber tem mais sentido do que essa concepção dos marxistas de que a economia regula e comanda tudo. Aquela análise do Weber sobre o protestantismo, se não é perfeita, é uma grande contribuição para entender a sociedade capitalista e ocidental. Demonstra claramente aquilo que nós já entendíamos na prática, na vivência do povo negro. A sintonia do capitalismo com o cristianismo é perfeita, a força do pensamento judaico-cristão não só regula como fundamenta o aparecimento e desenvolvimento do capitalismo, na história sempre andaram juntos, até hoje. Há um escritor africano que disse: 'quando os brancos cristãos chegaram aqui, na África, nos ensinaram a rezar de olhos fechados; quando abrimos os olhos, eles tinham a terra e nós tínhamos a bíblia’.
Definido que o campo e as "armas" se encontram na cultura, e, pela abrangência do conceito, na sociedade civil, o Orúnmilá se organizou para a atuação em muitas frentes de lutas. Dos redutos de moradores e locais existência de manifestações de resistência da cultura negra aos órgãos oficiais. Casas de Orixá, Capoeira, Escolas de Samba, Movimento Hip Hop, grupos de Rap, Conselhos Municipais, partidos políticos, eleições. Em Ribeirão Preto costumam dizer que "o Orunmilá está em toda parte". Mas, para avançar, foi preciso criar mecanismos que possibilitassem a mobilização, foi preciso criar os próprios meios de comunicação, "com a cara do Orùnmilá, com a cara e a cultura dos negros", dizem seus militantes, mas sem desprezar a utilização da mídia convencional para ampliar o contato com a grande periferia de Ribeirão Preto.
No Brasil, não adianta discutir somente a questão da presença ou não do povo negro, dos afro-descendentes, na mídia, nas novelas, no cinema. Esses meios, essa mídia não tem nada a ver com a gente, com o nosso povo; não tem condições de compreender os muitos caminhos da cultura de origem africana, nem mesmo da periferia. Mesmo se o negro começar a aparecer muito lá, não muda, é até mais complicado, vamos aparecer sem alma, sem a nossa cultura.
3 - Orúnmilá na rua: Afoxé quer resgatar a "grande festa negra" contra o consumo e a lógica da mercadoria.
A presença mais visível da cultura negra, em Ribeirão Preto, como em todo o Brasil, é o carnaval. Não é necessário descrever a situação do carnaval, enquanto cultura e enquanto festa, que hoje está, em grande parte, mas com louváveis exceções de resistência e lucidez, dominada pela lógica do consumo e do mercado. Em Ribeirão Preto, além dos problemas da perda da autenticidade e da autonomia, frente a lógica de mercado, o carnaval apresenta algumas especificidades, entre elas, o fato de Escolas de Samba e alguns blocos se manterem e sobreviverem na periferia urbana, no meio das classes e grupos subalternos, e praticamente todos os seus presidentes serem negros.
Por alguma razão, as classes médias se mantêm afastadas do carnaval de rua e das Escolas de Samba; contentam-se com os bailes de carnaval dos clubes, boates e afins. Mais recentemente, um outro elemento contribuiu para esse afastamento da pequena e média burguesia e para aprofundar o caráter comercial, a condição de mercadoria do carnaval. Uma empresa de eventos criou o "Carnabeirão", uma espécie de "micareta", carnaval fora de época. A criação e o evento em si sintetizam o fim, o resultado que todo o carnaval pode chegar se não houver resistência: o seu completo desaparecimento como festa negra e popular e sua total transformação em "evento" comandado pelo marketing e pela indústria de entretenimento. O "Carnabeirão" - para onde correm aqueles que podem pagar os caros "abadás", que não passam de camisetas pintadas - se resume a um palco, uma banda famosa que se utiliza de ritmos considerados "carnavalescos" e a presença dos "foliões" que pagaram os caros ingressos, ou seja, significa venda e consumo de um produto pronto, que acaba no mesmo dia, e se resume à velha forma capitalista de criação de consumidores e conseqüente lucro, muito dinheiro para os organizadores. Os "participantes" não escolhem absolutamente nada, não têm nenhuma autonomia frente a tentativa de festa industrializada. É o fim do carnaval ligado ao samba e ao povo negro, é o fim da festa coletiva e comunitária.
Esse processo também pode chegar em sua totalidade às Escolas de Samba, redutos históricos da cultura e do povo negro, acabando de vez com as características relacionadas à identidade cultural, destruindo a condição de congregação e expressão da arte e da alma do povo afro-descendente, sua história e sua resistência. Uma situação e um processo aos quais está submetida toda a população e culturas autóctones, tanto indígenas quanto de origens negras, e seus descendentes, não só no Brasil mas em todo o continente latino-americano:
(…) a massificação não elimina as culturas tradicionais, mas as transforma substancialmente, diminuindo seu significado na vida cotidiana. Entretanto, nas condições de fragmentação e multiplicidade da realidade latino-americana, uma posição contraditória é visível nos setores populares, cujo drama maior é obter o reconhecimento, fazer-se conhecer como diferente frente a outros setores da sociedade como um todo. Uma das formas pelas quais é possível este auto-reconhecimento e auto-valorização é através da vida cotidiana, da construção diária obtida pela vivência, a memória e a consciência do presente com todos os seus erros e acertos.
Contra essa situação desoladora, mas cheia de contradições, era preciso organizar a resistência, contrapor aos valores capitalistas, os valores negros, comunitários e recuperar o carnaval enquanto "grande festa negra". Assim entendeu o C.C. Orùnmilá:
Odun ní Àwa Eniyàn dùdù1
Omó Orùnmílá
ilê Yorùbá
Njó a Ki
Orùnmílá Bàbá mó
( Nesta grande festa, nós negros
filhos de Orùnmilá
e da terra Yorubá
dançamos e saudamos
Orùnmilá, o Pai da sabedoria )
Em 1996 o C.C. Orùnmilá fundou o Afoxé "Omó Orùnmilá' retomando, com isso, as raízes das primeiras manifestações de rua, tanto do povo negro quanto do carnaval brasileiro. Esse foi um dos primeiros instrumentos utilizados pelos negros, no Brasil, para tornar público, para comunicar sua existência como sujeitos portadores e criadores de uma cultura específica, para ganhar visibilidade no contexto racista de profunda opressão e repressão. A decisão do Orùnmilá, segundo seus diretores, não foi aleatória ou baseada só na vontade, também existente, de participar ativamente do Carnaval. Foi fruto de um estudo, da retomada dos princípios de luta e de resistência do povo negro e de elementos essenciais da cultura:
O Afoxé, para nós, foi fundado principalmente por ser um instrumento de luta, um instrumento cultural de participação política, de comunicação, e, portanto, de contestação ao poder branco, racista e dominante.(…) é uma síntese da cultura e da luta do povo negro pois traz em seu próprio significado o sentido de luta, de confronto. É, em uma tradução contextualizada na cultura do povo Yorubá, "o verbo que faz, a palavra que anda e atua", nesse sentido é a palavra portadora de magia, de axé, de feitiço, portadora de poder. Afoxé é a arma que precisamos para superar o racismo e a desigualdade. Mas é também festa, alegria, dança, música e ritual. Nós colocamos tudo isso na rua, aí é duro ver todo esse universo ser chamado de bloco de carnaval…mas é isso também (risos), no cultura negra não existe essas separações rígidas próprias do pensamento ocidental e da cultura judaico-cristã.
O apego à cultura de origem africana do povo Yorubá é um recurso que permite aos militantes do Orùnmilá uma grande possibilidade teórica de confronto e crítica à cultura ocidental e à sua expansão, e pretensão, de se colocar como "verdade única" que adentrou os processos de colonização ignorando a cultura, a visão de mundo de outros povos. Esse olhar, a partir do distanciamento provocado pela imersão em outra cultura, é revelador tanto das características das duas culturas quanto das perdas sofridas, no caso, pela cultura negra, dos elementos da identidade nos processos de subjugação e inferiorização, necessários ao domínio político de um povo e à consolidação da hegemonia em sua maior amplitude. A exposição das qualidades e complexas características de uma cultura que se encontra em condição subalterna torna-se um instrumento que impulsiona e valoriza a busca da reconquista da dignidade e da identidade, retalhadas e violentadas em um processo que se iniciou, no Brasil, com a escravidão do povo negro e que permanece nos dias atuais, nas diferentes formas do racismo e da exclusão.
As "armas comunicantes" do Orùnmilá e a sua valorização do campo da cultura - que, desse modo, se confunde e se inter relaciona com a sociedade civil - como espaço de luta e de afirmação de valores, nascem sustentadas na complexidade apresentada pela cultura de origem Yorubá, em sua riqueza de sentidos e significados que não permite que seja considerada inferior ou que possa ser considerada superada pela cultura historicamente desenvolvida no ocidente.
A relação comunicação/cultura e, por extensão, cultura/política, no âmbito da cultura Yorubá, fica evidente, por exemplo, no conceito, no profundo significado "da palavra". Para Juana E. dos Santos, para a Cultura Yorubá, "a palavra ultrapassa seu conteúdo semântico racional para ser instrumento condutor de àse, isto é, um elemento condutor de poder de realização". É esse sentido simbólico que os militantes do Orùnmilá tentam materializar, dentro de suas possibilidades, com o Afoxé, com "o verbo que faz", com a comunicação viva abrindo o carnaval para a alegria de um povo que ainda busca a liberdade.
Com a fundação do Afoxé, o C.C. Orùnmilá, além de criar um instrumento de comunicação com a sociedade e, ao mesmo tempo, um mecanismo de ensino, de valorização e divulgação da cultura negra, criou as condições para a discussão política, em todas as instâncias possíveis, do Carnaval como cultura, como espaço de manifestação, no Brasil, das diferentes raízes da cultura do povo negro. Sua atuação não se restringe ao Afoxé. Estabeleceu um intenso contato com as Escolas de Samba, assumiu cargos e, posteriormente, a presidência da "Liga Ribeirãopretana das Agremiações Carnavalescas", elegeu representantes para o Conselho Municipal da Cultura e para o COMDECON (Conselho Municipal do Desenvolvimento e Emancipação da Comunidade Negra). Ao mesmo tempo, o espaço físico, a sede do Centro Cultural, desencadeou intensa atividade político-cultural mediante a realização de cursos, palestras, oficinas. Música, dança, confecção de tambor (atabaque), curso de língua e cultura Yorubá, curso sobre o uso e o significado das folhas no Candomblé, curso sobre o universo místico filosófico dos Orixás e outras atividades sócio-educativas envolvendo a cultura negra. Torna-se um centro formador de militantes, de indivíduos que vão, em processo, aprimorando a condição de "intelectuais orgânicos" enquanto o próprio C.C. Orùnmilá vai se firmando como "intelectual coletivo" que, diferentemente dos partidos políticos, está acessível tanto física e concretamente como no seu modo de ser, na empatia cultural com a periferia, com aqueles que se encontram excluídos, tanto das riquezas materiais quanto das instâncias tradicionais de participação política. Em outras palavras, as "armas", os mecanismos para ação política usados pelo Orùnmilá trazem os elementos de um imaginário que é, em suas raízes, senão o mesmo, muito próximo do imaginário dos afro-descendentes e da grande maioria dos moradores da periferia urbana.
Com tantas atividades e responsabilidades políticas, o C.C. Orùnmilá ocupa relativo espaço na mídia tradicional, como fonte de notícia, já que cria fatos constantemente. Mas pela dificuldade de passar toda a complexidade de seu universo político-cultural, sentiu a necessidade de criar meios de comunicação com formato mais próximo dos meios tradicionais, meios complementares a seus instrumentos orgânicos de comunicação, o Afoxé, os cursos e oficinas.
4 - A experiência livre da Rádio "Periferia Norte – A Comunitária do Gueto": a comunidade produzindo e organizando a sua cultura e sua comunicação.
Eu entrei pro Hip Hop em 92. Como tentativa de comunicação, a gente ficou vários anos juntos e depois fundimos um grupo que chamava TCD. Em 95 se formou o "Consciência X Atual", eu entrei como DJ, depois entrou o Lê e o Jipê e depois o Fi. Gravamos 4 álbuns, representando Ribeirão Preto da forma que a gente pôde, levando um trabalho sempre feito em Ribeirão Preto, quer dizer, produção, letras, tudo. O Consciência X-Atual hoje é espelho pra quem tá começando, fez história em Ribeirão Preto, mesmo que amanhã ou depois não exista mais, ele sempre vai fazer parte dessa história que tem muito pra contar. Muita gente a gente conseguiu fazer com que mudasse de vida de repente, um cara que usa drogas, um cara que tava roubando, ouvindo nossa música dentro da cadeia, ou dentro do barraco, através da letra, tá mudando seu pensamento. Consciência X, acho que fez o seu papel e continua fazendo.2
Nos últimos dez anos, o Movimento Hip Hop, e sua expressão poético-musical, o Rap, cresceu muito entre adolescentes e jovens da periferia de Ribeirão Preto, seguindo a tendência presente no Brasil todo. Grupos de Rap começaram a surgir nos bairros, expandindo o que se pode denominar de "cultura do Hip Hop", modo de ser, de vestir, de falar e, particularmente, de contestar com poesia ritmada, a opressão, o racismo, a desigualdade e a repressão policial contra os moradores da periferia e das favelas. Com suas contradições e com seus acertos, o chamado Movimento Hip Hop é um agregador da juventude negra e de moradores da periferia em geral. À sua maneira, contrapõe-se "ao sistema", busca ser uma referência política no complicado cotidiano das classes e grupos subalternos e tenta reencontrar uma identidade, ainda que de forma fragmentada. Seu "grito de guerra", o famoso " É Nóis", é a expressão mais reveladora dessas buscas.
Entre os muitos grupos surgidos na cidade, o grupo "Consciência X-Atual" foi, aos poucos, se destacando pelas qualidades do trabalho em geral, pela organização e pelo discurso pesado de suas composições. Liderado pelo rapper Izak, a formação mais recente do "X-Atual" conta também com os rappers Mano Fi, Mano Lê e Mano Gipê. A postura crítica foi "o canal" inicial que levou o grupo a se aproximar do Centro Cultural Orùnmilá.
Durante o desenvolvimento de seu trabalho, no final dos ano 90, o "Consciência X-Atual" havia conseguido montar uma rádio, "nem pirata nem clandestina, mas livre", como a qualificavam os integrantes do grupo. Mas o período era de repressão forte ao funcionamento daquilo que os órgãos oficiais chamavam de "rádios clandestinas". Como a Rádio estava instalada na casa de um dos integrantes do grupo, havia o temor de ser fechada, ou o pior, o risco de perda do equipamento, uma perda irreparável para os jovens rappers da periferia. Izak, Mano Fi, Mano Lê e Mano Gipê começaram a freqüentar o Centro Cultural Orùnmilá, participaram de palestras, cursos e também ofereceram, para os freqüentadores do Centro, oficinas e aulas, ensinando as muitas atividades do Hip Hop e do Rap. O forte discurso anti-racista do Orùnmilá "contagia" o grupo, influencia em suas composições, em suas posturas políticas. Surgiu então, desse encontro, a possibilidade de atuação em conjunto e o desenvolvimento dos trabalhos resultou na transferência da rádio do grupo "Consciência X-Atual" para o C. Cultural. Em março de 2002, o "Ex-Atual" e o Centro C. Orúnmilá inauguraram a "Rádio Periferia Norte – A Comunitária do Gueto".
A vivência do C.Cultural, envolvendo o trabalho de formação teórica de seus membros e o respeito adquirido no interior da comunidade negra e na periferia em geral, somou-se à grande aceitação do rap entre jovens e adolescentes negros e excluídos que formam a grande maioria dos moradores da periferia urbana. A programação da Rádio Periferia Norte expressa essa organicidade e a transforma na emissora de Ribeirão Preto que mais se identifica com o conceito que agrega maior peso político ao conceito de "rádio comunitária", uma emissora organizada, administrada e totalmente sob controle da comunidade, feita pela e para a comunidade. A "Periferia Norte", caso tivesse sua programação feita apenas pelos rappers e pelo C. C. Orúnmilá, já se enquadraria nesse conceito de rádio comunitária. Mas conseguiu ir além. Outros setores da comunidade negra e da periferia adentraram o espaço e o reafirmaram como comunitário e coletivo.
Dessa forma, além dos programas comandados pelos rappers, que ocupam praticamente a metade da programação, vieram os representantes da capoeira, do carnaval, de grupos de samba, de bandas reggae, além de ouvintes e conhecedores do jazz. Debates sobre temas e sobre a luta do negro e das populações excluídas são constantes.
Comunicação e política, ambas no amplo sentido, são trabalhadas cotidianamente, mostrando o caráter político tanto das manifestações culturais quanto do próprio ato de se fazer comunicação com autonomia e liberdade.
Assim, a programação da Periferia Norte é tão diversificada quanto unificada em propósitos político-culturais. "O povo da capoeira" produz e comanda o programa " A hora da Capoeira", sob a responsabilidade de um dos mais conhecidos mestres de Capoeira de Ribeirão Preto, que é também presidente do Conselho Municipal do Desenvolvimento da Comunidade Negra, Sebastião Donizete, o mestre Tião Preto. No programa, estão presentes a história da Capoeira, inseparável da história e da luta do povo negro; a trajetória dos grandes mestres e a valorização de seus feitos em prol da existência da Capoeira; as cantigas, a discussão da Capoeira como elemento estimulador e recuperador da identidade do povo negro e a relação da Capoeira com a religiosidade de origem africana.
O programa dedicado ao Carnaval e às Escolas de Samba é feito por um sambista que também dirige a Escola de Samba "Tradição", mestre Carlão. No programa, uma constante é o resgate da história do Carnaval e do samba-de-enredo, como importantes elementos da memória, da cultura do povo negro. O debate que o programa faz sobre a situação atual do carnaval e sua valorização político cultural envolve tanto os representantes de órgãos oficiais como toda a comunidade carnavalesca, principalmente diretores de Escola de Samba e lideranças comunitárias dos bairros da periferia.
Dentro da diversidade do universo cultural presente na cultura de origem africana, o programa de Reggae e da cultura Rastafari, segue a característica dos outros programas da Periferia Norte, é produzido por integrantes dos grupos e bandas dessa vertente da música afro-americana, é dirigido pelo capoeirista e percussionista Contra-mestre Pim Pim. O programa do Samba, que não é o mesmo do Carnaval e é rico em entrevistas com compositores e sambistas históricos da cidade, é organizado por um estudioso do Samba, o pesquisador Eduardo Silveira, que também integra um sítio na internet dedicado à discussão das raízes e qualidades do Samba no Brasil. Está também na "Periferia Norte" o único programa da cidade e região totalmente dedicado ao Jazz , o "Jazz Momento Jazz", comandado pelo "DJ" Rogério Brito.
Um dos resultados político-culturais mais significativos da junção do trabalho do C.C. Orùnmilá com o Hip Hop foi a realização de três grandes seminários denominados de "RAPolitizando o Periferia". Nesses seminários, aproveitou-se a presença de grandes nomes do Rap na cidade para a promoção de grandes encontros políticos de discussão, palestras e debates. Participaram nomes como MV Bil e o grupo paulista Racionais MCs, liderado por Mano Brown. A cada realização do "RAPpolizando a Periferia", o salão do Centro Cultural recebia cerca de trezentas pessoas, na maioria jovens e adolescentes da periferia. Os debates foram todos transmitidos pela "Periferia Norte". A rádio também já recebeu sambistas e compositores e estudiosos do samba como Luizinho do Cavaco e Nei Lopes, que também deu palestra no Centro Cultural.
Os dirigentes e militantes do C.C. Orùnmilá mantêm, ao longo da semana, o espaço aberto aos moradores e promovem debates e discussões em torno dos problemas locais, da cidade e dos bairros. Nesse fluxo intenso, jovens e adolescentes do próprio bairro e vizinhanças se aproximam, se envolvem com a emissora e vão aprendendo as técnicas e os primeiros passos teórico-políticos da comunicação coletiva e comunitária.
E assim, o C.C. Orùnmilá firma-se como "intelectual coletivo" formador e lapidador das possibilidades inerentes aos indivíduos de tornarem-se sujeitos em um contexto destruidor da identidade e da integridade. Como no aprendizado do "fazer rádio", o processo de observação, vivência e contato direto com o conhecimento e seus portadores, com os "mestres", é elemento fundamental na pedagogia elaborada no cotidiano, no fazer arte, no fazer cultura e conhecimento. Essa pedagogia própria, cuja complexidade os integrantes do Centro expõem com grande facilidade, não nasceu das grandes obras da área; suas bases fundamentais estão no universo da cultura afro-brasileira e suas muitas práticas político-culturais oriundas dos rituais do Candomblé, como o próprio Samba, como a Capoeira, essa dança/luta que, confundindo-se com a própria história do negro, traz na sua essência e sintetiza com mais clareza os elementos políticos da luta pela emancipação e pela liberdade. Quem aprende Capoeira, ou qualquer outra manifestação da cultura afro-brasileira no Orùnmilá, aprende, ao mesmo tempo, a fazer política no grande sentido, a continuar a luta daqueles que puxaram no berimbau os primeiros toques de guerra e cantaram… ritmando a liberdade a caminho dos quilombos.
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* O presente texto é uma síntese do capítulo V da tese de doutorado "Movimentos Sociais: Cultura, Comunicação e Participação Política" defendida na ECA/USP em dez/2005.
** Silas Nogueira, membro do C.C. Orùnmilá, professor universitário, mestre em Sociologia pela Unesp e doutor em Ciências da Comunicação pela ECA/USP.
(1) Cântico que o Afoxé Omó Orùnmilá entoa durante o seu desfile no carnaval de rua de Ribeirão. Foi composto por Paulo C. P. de Oliveira.
(2) IZAK, membro do grupo de Rap "Consciência X-Atual". Entrevista à Rádio "Periferia Norte", coordenada pelo autor. Ribeirão Preto, 08 de abril, 2003.